Por Renato Santino
Vida fora da Terra. Esse é um mistério que assola a humanidade desde que se percebeu que o universo não existe só à nossa disposição e que existem milhões, bilhões, trilhões de planetas e estrelas espalhadas por inúmeras galáxias espalhadas pela imensidão do espaço.
As pesquisas para finalmente descobrirmos que não estamos (ou que estamos) sozinhos no espaço são intensas e custosas. Nesta segunda-feira, também foi anunciado um projeto de US$ 100 milhões parar descobrir vida extraterrestre.
Mas afinal de contas, como andam tais pesquisas? Os sinais de vida do espaço são muito poucos e normalmente refutados depois de um pouco mais de estudo. É o caso das “misteriosas” ondas de rádio captadas no Observatório de Parkes, na Austrália, que, na verdade eram apenas vindas de um forno de micro-ondas, conforme concluído em estudo de maio de 2015. O mistério perdurou por 17 anos até que alguém chegasse à brilhante conclusão.
Também houve há alguns anos, em 2010, uma bactéria encontrada em um lago na Califórnia intrigou cientistas, por, teoricamente, sobreviver metabolizando arsênico em vez do fósforo, contrariando todas as formas de vida conhecidas na Terra. Seria fantástico e abriria novas possibilidades sobre o que pode ser considerado “vida” no universo, com organismos que não respeitam as limitações conhecidas pelos humanos. No entanto, isso também foi desmentido dois anos depois, com pesquisas mais aprofundadas: a bactéria simplesmente conseguia sobreviver com pouquíssimo fósforo.
Voltamos à realidade. A ciência volta a procurar vida dentro dos parâmetros conhecidos, olhando para os planetas na “região habitável” na órbita de estrelas, onde não é quente nem frio demais para a vida se desenvolver. Esta zona também é importante porque é onde pode haver água líquida, condição fundamental para o nosso conceito de vida atual.
Mas isso quer dizer que não há vida?
De forma alguma. Não é por que a vida não está pulando diante dos nossos olhos que ela não existe. Há vários locais onde há suspeitas de condições para o desenvolvimento de vida. Alguns estão dentro do nosso sistema solar, mas não estamos falando em ETs como na ficção, e sim de micro-organismos. Chris McKay, cientista planetário da NASA, lista alguns lugares próximos e propícios para tal:
Encelélado: A sexta maior lua de Saturno é praticamente uma bola de gelo por fora, mas cientistas descobriram que há praticamente um oceano (de água líquida!) por baixo de seu polo sul, conectado a gêiseres ativos, que permitem que a água se mantenha parcialmente morna. Os cientistas também investigaram, pela sonda Cassini, um pouco dessa água espirrada por gêiseres para o espaço: “Identificamos moléculas orgânicas e identificamos que as moléculas podem fornecer energia e nutrientes”, conta. Alguns pesquisadores, no entanto, argumentam que o fenômeno é recente demais para gerar vida.
Marte: Crê-se que, no passado, o planeta vermelho foi o mais próximo do que é a Terra hoje: oceanos líquidos e atmosfera densa, propiciando a geração de vida. Hoje é basicamente um deserto, que não deve mais abrigar “vida viva”, mas é bastante possível que haja algo morto (há quem ache que ainda é possível encontrar micro-organismos vivos no planeta, também). Encontrar micróbios já mortos e congelados pode ajudar a responder como e se a vida se espalhou pelo sistema solar.
Europa: A quarta maior lua de Júpiter tem muita água líquida. No entanto, ela está presa embaixo de uma camada muito grossa de gelo, e, diferente de Encélado, não há um modo óbvio de alcançá-la, então não se sabe muito bem o que se encontra lá. Não há informações suficientes para saber se o oceano contém fontes de energia ou nutrientes para abrigar vida.
Titã: A maior lua de Saturno é o único lugar onde há “praias” fora da Terra, onde um “oceano” encontra um litoral sob um céu atmosférico. O problema é que este “oceano” é composto, na verdade, por etano e metano liquefeitos, que, na Terra, seriam gasosos. No entanto, cientistas estudam se o metano líquido não pode fazer o papel da água para um novo tipo de vida, que tenha diferentes necessidades do que conhecemos na Terra.
Por Renato Santino
Fonte: Olhar Digital
Tiago Albuquerque
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