sexta-feira, 15 de maio de 2015

Conhecemos os óculos de "raio-X" que permitem enxergar através do carro

(Foto: Renato Santino/Olhar Digital)



SAN FRANCISCO - Carros e seus pontos cegos. Por mais que a indústria automotiva se esforce, ainda não existe carro transparente, e sempre haverá um ponto da pista que você não conseguirá enxergar. Pelo menos até você ter visão de raio-X. Parece ficção científica, mas a tecnologia está quase lá.
Não, seus olhos ainda não vão disparar raios radioativos, mas a BMW, em parceria com a Qualcomm, já tem um conceito funcional de óculos que, aliados a algumas câmeras e um pouco de inventividade, permitem enxergar além dos limites da visão normal. Você já pode ter visto o vídeo abaixo que demonstra a ideia. É similar ao HoloLens, da Microsoft, mas voltado para o uso dentro do carro.

Eu tive a oportunidade de conhecer de perto os óculos, mas, infelizmente, não pude testá-los em prática. Mesmo assim, foi possível conhecer um pouco mais da proposta, da tecnologia envolvida e ter a certeza de que o dia em que poderemos usar algo do tipo nas ruas está longe, por motivos que serão explicados mais para frente.
O que é?
Há um ano e meio, Mini e Qualcomm se uniram com a equipe de design da fabricante de automóveis para criar o conceito do Mini Augmented Vision, os óculos que permitem enxergar além dos limites do automóvel. É como se fosse um Google Glass mais robusto e voltado para o uso dentro dos carros.
Ele usa uma série de câmeras externas e processadores para projetar uma imagem na lente e “enganar” seus olhos para ver além do que seria fisicamente possível. Não só isso, mas o dispositivo é capaz de sobrepor uma camada de informação sobre a realidade, como mostrar a velocidade em que o carro está andando, o nome das ruas e o nome das empresas que ali estão.

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Como é?
Feio. Definitivamente não é algo que as pessoas gostariam de usar na rua. A “sorte” das empresas envolvidas é que ele não foi feito para ser usado na rua. Convenhamos que sair por aí assim é um convite para apanhar:

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Na verdade, isso foi pensado. Um dos problemas do Google Glass, que pode ser considerado o pai destes novos projetos de realidade aumentada, é que ele foi planejado para ser usado em público, causando rejeição instantânea entre muitos que se sentiam incomodados com a possível invasão de privacidade, além de ser potencialmente pouco respeitoso com o interlocutor do usuário.
Os óculos da Mini são bastante volumosos. A armação ocupa bastante espaço por um motivo muito simples: é necessário esconder toda a fiação e os componentes necessários para fazer tudo funcionar adequadamente. Ele é pesado, difícil de colocar, difícil de tirar e consideravelmente desconfortável, levando em conta que há dois pares de lentes diante dos seus olhos. Duas delas são, na verdade, pequenas telas com resolução 720p, responsáveis por projetar o conteúdo adicional sobre a realidade. Surpreendentemente, no entanto, o gadget não incomoda os olhos.

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Conta pontos a favor o fato de se tratar apenas de um protótipo que ainda será melhorado, refinado e se tornará mais elegante antes de ser oferecido comercialmente. Segundo a Qualcomm, novas tecnologias já permitem que o aparelho seja até 30% mais leve.
Como funciona?
Uma combinação de tecnologias permite que os óculos ofereçam todo tipo de informação para o condutor. Começando pelo chipset Snapdragon 805, responsável pelo processamento de imagens e toda a integração com os recursos do carro. Também é parte fundamental do sistema a plataforma Vuforia, também da Qualcomm, que usa a visão computacional para analisar o ambiente em volta para fornecer as informações necessárias.
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O sistema foi criado especificamente para este tipo de aplicação, que utilizam informações visuais para aplicar em ferramentas de realidade aumentada como é o caso do sistema da Mini.
A “visão de raio-X”, que é a possibilidade mais interessante dos óculos, é obtida com alguma engenhosidade, que envolve várias câmeras que registram o exterior do carro em diversos pontos diferentes. Os óculos possuem um sensor de movimento na parte superior que entende para onde você aponta seus olhos pelo modo como você mexe sua cabeça. Desta forma, ele faz a interpolação da imagem da câmera responsável por cobrir aquela área e a imagem real, permitindo ver o que acontece além dos limites do carro.
Todos os outros componentes também servem ao propósito de apresentar informações úteis de uma forma não muito invasiva. Os óculos são equipados com Wi-Fi, Bluetooth e GPS, mas não requerem uma conexão própria à internet desde que sejam pareados a um smartphone do qual possam baixar as informações.
Mais uma observação: voltando à comparação com o Google Glass, um dos motivos pelo qual o aparelho foi criticado foi a péssima vida útil da bateria, incapaz de acompanhar o usuário. Isso não é realmente um problema quando você está dentro do carro.

*O jornalista viajou a convite da Qualcomm 

Fonte: Olhar Digital

Tiago Albuquerque

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