Por Fabio Jordão
O
Windows 10 chegou com promessas de um futuro melhor e, além das mudanças na interface e no desempenho do produto, a Microsoft caprichou no aplicativo mais usado: o navegador.
Pois é, como você já deve saber, o novo sistema deixa de lado o Internet Explorer e oferece um novo programa chamado Edge. O ícone ainda lembra o antecessor, mas a funcionalidade foi aprimorada visando conquistar o consumidor novamente.
Mas será que este é o melhor navegador para o sistema? Como de costume, nós resolvemos fazer uma série de testes para conferir na prática qual aplicativo é mais competente no dia a dia. Para esta análise, nós rodamos testes com o Google Chrome, o Microsoft Edge, o Mozilla Firefox e o Opera — que são os quatro principais softwares do gênero para o Windows.
Máquina de testes
- Sistema: Windows 10
- Processador: Intel Core i7-3689Y com clock de 1,5 GHz
- Memória: 8 GB DDR3
- Armazenamento: SSD de 240 GB
- Resolução: 1366x768 pixels
Softwares utilizados
Execução dos testes
Para saber qual navegador oferece a melhor experiência, nós selecionamos alguns pontos a serem analisados. Entre as características verificadas, temos a inicialização, o carregamento de páginas, o consumo de memória RAM, o desempenho em games online, a performance em benchmarks e o gerenciamento de downloads.
Em outros carnavais, nós costumávamos fazer uma análise que começava pela instalação, mas resolvemos cortar essa parte neste comparativo, já que o tamanho do instalador não muda nada no dia a dia. Os instaladores trazem gerenciadores que baixam os arquivos durante a instalação — exceto o Edge, que já vem no sistema —, então não convém levar isso em conta.
Na tentativa de deixar o artigo ainda mais completo, nós acrescentamos itens que não são mensuráveis, mas que podem ser importantes quando pensamos na interação e experiência geral com os softwares. Neste comparativo, vamos falar sobre a interface (incluindo a adaptação dos programas às telas sensíveis ao toque) e segurança.
Inicialização
Nós sabemos que a inicialização do navegador depende de uma série de fatores, mas o hardware ajuda muito nesse quesito. Como nossa máquina tem uma configuração robusta, todos os navegadores apresentaram o mesmo tempo de inicialização. Não notamos atraso entre o clique e a aparição do aplicativo na tela. Em apenas um segundo já é possível navegar.
Dessa forma, exclusivamente para este teste, nós resolvemos fazer um teste com uma máquina mais simples, com processador inferior, menor quantidade de memória RAM e um disco rígido (algo mais comum em computadores modestos). A configuração utilizada foi a seguinte:
- Sistema: Windows 10
- Processador: Intel Core i5-4210U com clock de 1,7 GHz
- Memória: 4 GB DDR3
- Armazenamento: HD de 500 GB (5.400 RPM)
- Resolução: 1366x768 pixels
Como você pode observar no gráfico acima, o navegador que abre com maior velocidade é o Microsoft Edge. A diferença é brutal se comparado aos concorrentes. Ele está pronto para uso na metade do tempo que o Opera leva para processar suas configurações iniciais.
O Mozilla Firefox não faz feio, demorando um pouco mais que o Opera para estar pronto para utilização. A surpresa é ver que o Google Chrome foi o que mais demorou, chegando a quase 9 segundos para carregar a página padrão.
Vale ressaltar que nós executamos os testes três vezes em cada navegador, obtendo tempos diferentes e fazendo uma média. Os programas foram executados de forma isolada e uma reinicialização foi efetuada antes de rodar os testes novamente.
De qualquer forma, esperar 3 segundos para usar o Edge ou 8 segundos para trabalhar com o Chrome não é algo que faça grande diferença no dia a dia. É importante comentar ainda que a segunda inicialização (após fechá-lo e abrir novamente) de cada software leva apenas 1 segundo!
Além do tempo de inicialização, nós efetuamos uma verificação para conferir a quantidade de memória RAM utilizada por cada aplicativo. Novamente, quem levou a melhor foi o Microsoft Edge, seguido pelo Opera, Chrome e Firefox.
Carregamento de páginas
Com a correria do dia a dia, ninguém quer ficar esperando muito tempo para poder navegar em seus sites favoritos. Para averiguar a capacidade dos navegadores em diferentes situações, nós testamos seis sites, na tentativa de identificar possíveis variações de velocidades entre os navegadores e evitar problemas com oscilações de rede. Os sites testados foram os seguintes:
Observação: os testes foram rodados depois que o navegador estava totalmente carregado e a finalização de cada teste se deu quando os aplicativos não apresentavam mais ícones ou status de carregamento (seja na barra de endereço, título da página, cursor do mouse ou outro elemento dos programas com tal finalidade).
Acredite se quiser, o Microsoft Edge se mostrou extremamente veloz em todos os testes, perdendo apenas no carregamento do site da USP por uma fração de segundo para o Firefox. Em muitos casos, o novo navegador do Windows alcançou resultados surpreendentes, deixando os demais comendo poeira.
O navegador da Mozilla também não fez feio, ficando na frente dos demais em quase todas as verificações. O Opera ficou com a terceira posição, marcando bons resultados em boa parte das análises. O Google Chrome foi o último colocando. Ele quase empatou com o Opera em alguns testes, mas deixou a desejar em muitas situações.
Consumo de memória RAM
Uma das coisas que mais incomodam as pessoas atualmente é o consumo excessivo de memória RAM dos navegadores. Aplicativos que outrora eram elogiados, hoje mostram sérios problemas para conter sua voracidade no consumo de recursos.
Nós rodamos dois testes para mensurar o desempenho dos navegadores. O primeiro foi para verifica o impacto na memória durante a primeira inicialização. O segundo teste foi para conferir o consumo de recursos com 10 abas abertas simultaneamente. Os valores foram obtidos no Gerenciador de Tarefas do Windows. Os sites carregados foram os seguintes:
Como você pode conferir nos gráficos acima, o navegador mais leve no primeiro boot é o Microsoft Edge. Ele é seguido de perto pelo Opera, Chrome e Firefox. A diferença entre o primeiro e o último colocado nesta verificação não é tão discrepante, então não podemos dizer que é um absurdo o consumo de memória do programa da Mozilla.
Entretanto, quando partimos para o carregamento de vários sites, o quadro quase que se inverte totalmente. O Firefox que era o último colocado consegue a primeira posição, poupando o computador e consumindo menos de 500 MB de memória RAM. O Opera fica em segundo lugar e também se destaca por ficar próximo dos 750 MB de memória.
O Firefox é ideal para computadores modestos, já que economiza memória RAM e carrega sites com rapidez
Infelizmente, o tão adorado Google Chrome é um verdadeiro problema para os computadores mais modestos, já que ele ultrapassou o consumo de 1 GB de memória RAM. E o mais impressionante é ver que o Edge não consegue se comportar quando tem muita coisa aberta, chegando a quase 1.400 MB de memória.
Desempenho gráfico
Como os navegadores estão demonstrando um passo claro em direção à tecnologia HTML5 e praticamente abandonando o flash, decidimos realizar um teste de desempenho em jogos com um benchmark capaz de testar os softwares de forma idêntica. O site utilizado foi o Peacekeeper, que foi desativado, mas ainda tem a opção para realização do teste.
De acordo com os resultados obtidos, o Opera é o melhor produto disparado para jogar games na web e trabalhar com gráficos tridimensionais, seguido pelo Edge e o Firefox. O Google Chrome foi o pior colocado nesta verificação, mas isto não significa que ele é incapaz de rodar os jogos online mais recentes.
Benchmarks
Ainda que os testes manuais sejam mais práticos e possam dar uma noção do desempenho dos navegadores no dia a dia, ferramentas de benchmarks podem analisar o desempenho dos softwares com precisão, averiguando o potencial dos browsers em atividades específicas. A lista de serviços usados foi a seguinte:
- Dromaeo
- JetStream
- V8
- Browser Mark
Observações: todos os benchmarks foram executados com as janelas maximizadas e individualmente, para que não houvesse interferência de outros aplicativos rodando simultaneamente. O Dromaeo foi executado com a opção “Run Recommended Tests”.
Nestes quatro benchmarks, o Google Chrome levou a melhor em dois testes. O Firefox fez bonito em duas ocasiões, mas nas outras ele ficou em último lugar. O Opera se mostrou um navegador equilibrado, conquistando um primeiro lugar e ficando apenas uma vez em último.
Diferente de grande parte dos testes práticos, o Microsoft Edge não conseguiu abocanhar o primeiro lugar em nenhum dos benchmarks. Entretanto, isso não quer dizer que o programa não esteja bem preparado. Muito pelo contrário, em diversas verificações ele ficou próximo dos concorrentes, o que significa que ele apresenta bom desempenho em várias situações.
Downloads
Todo mundo costuma baixar arquivos da internet. Sejam eles pequenos ou grandes, a quantidade de downloads é absurda. Para esta análise, nós optamos por um benchmark capaz de detectar ping, variações e outras informações que não seriam visualizadas através dos gerenciadores de downloads.
No gráfico acima, você pode conferir que o Google Chrome levou a melhor na hora dos downloads, mas todos os aplicativos conseguiram médias similares. O melhor software na hora dos uploads foi o Opera, enquanto que o Firefox fez muito feio neste quesito.
É importante ressaltar contudo, que, além desses valors, o benchmark indicou que o Firefox apresentou o maior ping (ou seja, ele demorou mais para se conectar ao servidor), bem como foi o programa que apresentou a maior variação na hora dos downloads, ou seja, ele nem sempre manteve as transferências próximas da média.
Segurança
Segurança é algo muito importante e os quatro softwares testados mostram capacidade para manter o usuário muito bem protegido. Todos trazem as mais recentes tecnologias compatíveis com seus respectivos motores, de modo que é muito difícil apenas listar as ferramentas e dizer se um ou outro é melhor.
Dessa forma, para garantir uma comparação justa, optamos por rodar o teste Browserscope, que realiza uma bateria de 17 testes, averiguando as reações de cada aplicativo de acordo com possíveis ações dos sites (o que inclui verificações de java, questões de política de segurança, links maliciosos, invasões de diversas formas e trabalho com cookies).
Nestes testes, o Google Chrome e o Opera empataram, falhando no mesmo item (API de páginas estáticas toHTML). O Microsoft Edge também se comportou bem, mas apresentou deficiência no mesmo teste e ainda ao trabalhar com headers de diferentes origens. O Firefox falhou nos mesmos testes e ficou em última colocação ao atuar de forma incorreta com opções de X-Content.
Interface
Uma das principais questões que levamos em consideração neste artigo foi a interface dos navegadores. Considerando a proposta do Windows 10 de se adaptar tanto aos computadores quanto aos tablets, acreditamos que tal característica tem impacto significativo no dia a dia.
A mais recente versão do Firefox vem justamente para ajustar pequenos pontos e deixar o aplicativo mais adaptado aos produtos sensíveis ao toque. O navegador responde rapidamente aos ajustes no dimensionamento da tela e se adapta perfeitamente a grandes e baixa resoluções.
O Chrome é o navegador mais compacto, o que significa que ele tem mais espaço para o conteúdo. barra de menu enxuta, poucos botões, bom aproveitamento do espaço. A Google sabe o que faz e não é por acaso que seu navegador agrada todo mundo. O único inconveniente deste software é o tamanho dos itens, que não facilita o uso em tablets.
O Edge aposta na simplicidade, mas tem visual perfeito para computadores e tablets
O Edge chegou inovando. A Microsoft caprichou no visual do aplicativo e apostou na simplicidade. Ele tem apenas o essencial na ponta dos dedos (ou do clique), mas apresenta bom tamanho dos itens, garantindo ótima experiência com aparelhos touchscreen. Navegador muito rápido para os dois tipos de interface.
O Opera também não faz feio e se mostra muito simples de usar independente do tipo de tela ou forma de execução do Windows 10. Ele tem ícones grandes, menus fáceis e uma aba inicial (a Speed Dial) que é perfeita para tablets e computadores. Certamente, uma boa opção!
Conclusão
Em questão de interface, todos os programas apresentam visuais caprichados, que agradam o consumidor e ajudam na questão da familiaridade com botões e posicionamento dos recursos. O único que sai na desvantagem nesse ponto é o Chrome, já que ele não prioriza o espaço de visualização e assim reduz muito o tamanho das barras e ícones.
Analisando aspectos como inicialização e desempenho para carregamento de páginas, o grande navegador que nos surpreendeu foi o Edge. O tempo de boot é excelente e o tempo para carregar os sites é impressionante. Nesse segundo quesito, somente o Mozilla Firefox consegue brigar com o produto da Microsoft.
Falando ainda no navegador da Raposa, podemos concluir que ele é o melhor programa em questão de gerenciamento de memória RAM. O browser consegue economizar recursos do computador, sendo perfeito para máquinas modestas. Nesse quesito, o Microsoft Edge e o Google Chrome não foram muito bem, mas não devem ser problemáticos para computadores robustos.
O Chrome é muito seguro, mas o Opera oferece segurança e ainda é bom para jogos
Quanto aos benchmarks, os testes foram bem equilibrados. Em desempenho gráfico, o Opera foi o melhor disparado, sendo o software mais recomendado para quem costuma curtir games em HTML5. Nos benchmarks gerais, o Google Chrome conseguiu o primeiro lugar duas vezes e deve apresentar boa compatibilidade com uma grande gama de sites.
Além disso, o navegador da Google foi o melhor em downloads, mas os demais produtos também ficaram muito bem colocados neste comparativo. Por fim, no quesito segurança, o Firefox foi o pior colocado, enquanto que Edge ficou em segundo lugar, sendo que Opera e Chrome empataram.
No fim das contas, todos se mostram boas opções, mas cada um tem suas vantagens em determinados aspectos. Vale você verificar qual atende melhor as suas necessidades e lhe agrada mais.
Tiago Albuquerque